Privilegiados alunos do IFES

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Com toda a modéstia do mundo e que os "não-privilegiados" me perdoem, mas ser aluno do IFES não é ser qualquer um. Quem nunca chegou em casa com uma folha para pintar ou ligar os pontos para formar uma letra que a professora praticamente já fez e teve a coragem de pensar e dizer que estava cheio de dever para fazer? Imagina se você soubesse como seria no seu ensino médio/técnico,

Esse lugar é realmente muito louco: entra uma turma cheia de gente diferente, pirralha, não muito madura, perdida e alucinada com o sonho de estar no IFES e, os que se formam, saem homens e mulheres cheios de personalidade (sem classificação de boa e ruim, melhor ou pior, simplesmente cheios de personalidade), de desejos, ambição e doidos para encarar o ensino superior e o mercado de trabalho para, finalmente, alcançar os seus objetivos (que são, na maioria das vezes, ambiciosos e intermináveis).

Reconheço que eu já cheguei a detestar estar no IFES, a não entender o motivo de tanta insistência da minha família em me fazer pegar seis ônibus por dia e passar horas dentro deles para fazer o caminho de casa para a escola e vice-versa. Questionei muito, tomei muita porrada, muita nota baixa, advertência e até suspensão, mas hoje, faltando aproximadamente um mês para me formar (quando voltarmos da greve), bate sempre um sentimento de nostalgia ao saber que esse ciclo tão prazeroso está se encerrando e eu terei que deixar a escola que me ensinou tanta coisa e me preparou para encarar as dificuldades que, sem dúvida, virão. Você que está na mesma situação, com certeza sabe do que estou falando; para quem ainda não e talvez está achando um sentimentalismo bobo, aguarde e sentirá o mesmo.

Às vezes bate um desânimo, vontade de largar tudo de mão, sensação de estar perdendo quatro anos da sua vida, enquanto todos os seus amigos terminam o ensino médio em três anos e sem dramas. Desânimo por não conseguir enfiar na cabeça aquelas benditas fórmulas, nomes e conceitos técnicos. Desânimo por ter que pegar todos os dias ônibus cheios de gente (sem educação), com a mochila pesada nas costas, insegurança, sono e tudo de mais desmotivador para continuar a caminhada até o final.

Apesar de tudo isso, se me perguntarem se vale a pena, eu sempre direi que sim. Sempre serei grato aos meus familiares insistentes, aos meus professores exigentes, aos colegas de caminhada, aos servidores que viabilizaram o funcionamento disso tudo e à essa instituição que me acolheu e me direcionou a ser melhor que quando entrei. Neste lugar, nós aprendemos a estudar, a sermos independentes (e a buscar essa independência) e a superar as dificuldades sem choramingar. Isso nós levaremos para sempre. E óbvio, orgulhoso por ter sido persistente e forte, características que vocês também têm e eu admiro muito.

Por isso, eu parabenizo à todos nós, alunos-guerreiros do IFES, que aonde chegam fazem a diferença, encaram as dificuldades e se destacam.

Porque ler duas páginas de apostila na véspera da prova e se dar bem e nunca ter pego o 721 é fácil, difícil é ser como nós, modéstia à parte. :)

Postado por Arthur Rios, presidente do GMM (fb.com/riosarthur)